Este blogue é dedicado a todos aqueles que estão apaixonados.





20080823

Com o corpo, leva o coração.


  Confundes-me.
  Com a tua colher mágica pões-me a cabeça às voltas como se fosse um preparado instantâneo de bolo de chocolate,
só que em vez de chocolate usas o mais amargo dos doces - a realidade.
  O meu sonho omite uma mentira de cinco letras  à qual tu chamas verdade,
mas não uma verdade que inclui o "nós".
  O realismo toca como música de fundo do meu sonho que fiz teu,
só que tu insistes em fugir do concerto que preparei para nós,
refugiando-te no canto mais escuro deste nosso-meu sonho no qual se cruzam a parede das memórias e a parede da dor.
  A tua verdade não se destina a mim.
  Gritas baixinho para que só o teu coração te possa ouvir:
"Será que mata, este tipo de dor?",
o meu coração responde ao teu:
"Tudo o que mata é amor."
e a cabeça pesa sobre os ombros de tão forte que é o pensamento de te perder.
  Nos teus lábios abrem-se feridas,
fizeste-as abrir para que eu perdesse a vontade de te beijar.
  Enganas-te. 
  Deixou de ser uma vontade, um capricho, um desejo.
  Passou a ser um hábito, um vício, uma necessidade.
  Contigo sinto que o céu desce mais um pouco,
como que se o puchasses para mais perto.
  O que há entre nós deixou de se resumir a um "quero-te",
passou a ser um "necessito-te".
  Engoliste a minha alma pela boca da primeira vez que os teus lábios tocaram os meus.
  Ofereceste-me o teu sabor a provar de forma a eu pedir mais,
ingénuo - continuaste a dar-mo sem eu to pedir
e então roubei-te para mim, para o meu sonho.
  Amordacei-te o sorriso como quem mata por um beijo,
de forma a esconder a minha própria dor.
  Tão rápido passas de veneno a antídoto, 
como de doença a cura
e eu ainda mais rápido me torno no teu fruto proibido,
o qual tu mesmo te proibes.
  Soltas palavras que me cortam como facas 
e silêncios que me fazem cicatrizes,
soltas-me pela boca quando dizes o que de mim não queres ouvir.
  Desenhas o nosso mundo com o olhar e fá-lo de forma a não me magoar.
  Tens medo da dor,
da minha dor.
  Eu tentei ser feliz mas eu não consigo!
  Num quarto fechado sem janelas ou varandas atiro-me do chão ao tecto,
sem parar,
sem parar,
sem parar.
  Acorrento-me ao teu corpo numa paixão que nos queima por dentro,
procuro um infinito que contigo me fará feliz,
cem vezes mais do que o agora faz.
  Agarro-te os pulsos e com as tuas mãos faço-te cortar a raiz da minha dor,
da nossa dor,
o (meu) coração.
  Come-o com os dentes se quiseres,
há muito que ele te pertence a ti
e só a ti.
  Não vês a cama a girar?
  Não sentes o chão a fugir-te dos pés?
  Com o corpo levas agora o coração.


  2 de Janeiro de 2007

1 comentário:

Anónimo disse...

Não tenho palavras para explicar o que senti ao ler este texto.
Aplica-se tão bem a tanta coisa que até assusta!

Muito Bom mesmo, Jo!
Muito Bom!