Um porto seguro.
Todos precisamos de um porto seguro, um abrigo, joelhos para deitar a cabeça, uma alma que nos acalme o corpo.
És tu quem me abriga da chuva que faz lá fora, do medo que só eu sei onde mora. És tu a margem da minha vida, o meu passeio de sossego, a minha segunda morada. E é em ti que me revejo, que me refugio. Porque todos precisamos de uma margem na nossa vida, um lugar seguro, um par de braços que nos envolva numa realidade que não é real. Porque para fugir, todos precisamos de ter para onde fugir.
E eu tenho-te a ti. Minha melhor espera, meu desespero em forma de homem. Pessoa que comanda a minha vida. E é a ti que me entrego, só a ti. Em toda a forma do meu desespero a cada momento que te procuro, que te encontro nesse meu final de vida onde sempre terás um lugar cativo. E é em ti que me dissolvo, em cada traço do teu rosto - tu, estranha forma de vida que me consomes a alma e fazes teus os medos meus.
É em ti que encontro um coração vazio, uma espera longa, uma saudade de vidro. E é para ti que corro, é dentro de ti que fujo. Às voltas no teu estômago, como borboleta sem asas para voar. Sou efémera invertida, não fujo da morte - fujo da vida.
E é a esse teu coração que chego, abro, entro e preencho. Trago comigo o tudo que faz girar o mundo à nossa volta. És o meu limite, ofereço-te um centro, um ponto de equilíbrio.
E é em ti, corpo trabalhado por um coração cansado, que ganho sentido. E é ao teu lado, que o mundo vale a pena.
O amor não tira férias, cansa-se em ti, na tua demonstração de tudo o que é perfeito.
20090601
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