Este blogue é dedicado a todos aqueles que estão apaixonados.





20090511

Acontece.

Corremos todos atrás da necessidade imensa de alguém. Não queremos ficar sozinhos, é um medo que nos persegue e do qual fugimos constantemente. Se perdemos uma pessoa, ou se nos sentimos ameaçados pelas dez chamadas não atendidas que lhe deixámos no telemóvel ou pelas trinta mensagens escritas às quais ela não respondeu em 24 horas, planeamos um novo futuro para nós. Fazemos esboços com o cérebro e calculamos mentalmente as pessoas mais próximas de nós com mais probabilidade de preencherem o vazio que se prevê, fazemos as contas, analisamos os prós - nunca os contras - e quando damos conta a pessoa que não nos atendeu o telemóvel já ligou de volta outras dez vezes e já esteve à nossa porta duas horas à espera. Foi-se embora e nem demos por isso, estávamos tão preocupados em planear um futuro sem ela que nem nos passou pela cabeça apostar num presente com ela - esperar. E no dia seguinte já temos uma fila de possíveis preenche-vazios atrás de nós, temos de os sacudir das nossas costas de tantos que são, correm também eles atrás de um preenche-vazios e corremos todos uns contra os outros à procura de encher o peito com o maior sentimento do mundo no mais curto espaço de tempo. Apaixonamo-nos num dia, em dois dias já distribuímos amo-te's como se fossem rebuçados e em três dias já é para sempre e já vamos casar. Ao fim de sete dias, uma semana inteirinha de paixão imensa e espectactivas elevadísssimas, caímos de cabeça e não sabemos porquê.
Procuramos constantemente no outro aquilo que o anterior não nos conseguiu dar, ou aquilo que não conseguimos receber. Precisamos de contacto diário, de ver para crer, de estar, de sentir,de saber. Os cinco sentidos sempre a funcionar, sempre a trabalhar para o propósito de aproveitarmos todos os momentos em que não estamos sozinhos. Não damos espaço, roubamos espaço ao outro e quando o sentimos a afastar-se, quando o telemóvel deixa de tocar, quando o outro deixa de atender, quando já ninguém bate à porta, entramos em pânico e vamos mais uma vez à procura de um preenche-vazios.

No fim, só queremos alguém a quem roubar espaço, espaço que preencha o vazio que criamos dentro de nós.
Sim, acontece.

4 comentários:

Paulo disse...

Pensaste em mim quando escreveste isto, não pensaste?

One of the boogies disse...

O Post de hoje no meu Blog foi o link do Teu Espaço, sugerindo a leitura deste Texto...

que está magnifico!

Adorei!

X.y.u

Sofia disse...

"A cada momento da nossa existência temos que escolher entre um caminho e o outro. Uma simples decisão pode afectar uma pessoa para o resto da vida."

Isso também acontece. Num momento, temos de decidir o que queremos fazer com o resto da nossa vida. Pode correr mal, mas também pode correr bem.
(Sim, cedi a isto, amor! Lol.)

Anónimo disse...

Adorei este texto, tal como quase todos os outros e é bastante fácil identificar-me com eles! Continua, ganhaste uma fã =) * beijinho