Pouso a cabeça em ti. Procuro um espaço vazio entre nós que me possa abrigar do frio que faz lá fora, onde tu insistes em morar. Sem ti, as ruas são vazias e o sol não nasce, as paredes perdem a cor e a solidão assenta em mim como pó. Felicidade estúpida, esta, que vivemos. Não há vontade que te procure nem força que te encontre. E eu fico aqui, numa casa feita de medos que outrora foram teus, à tua espera. Deixo a porta aberta para que, se passares por aqui, saibas que podes entrar. Perco-me no fumo do cigarro e apago-me em ti. É como se houvesse um fio invisível entre nós, não sabemos onde estamos, só sabemos que estamos sozinhos e que nos procuramos um ao outro - sem sequer nos mexermos. É esse fio que, amarrado ao coração, vai dando nós ao longo da vida. Às vezes, quase que o coração sai do peito, de tanto que o fio o puxa para fora - estás perto. Eu afasto-me mais um pouco, sem sequer sair da cadeira que a dor colou ao chão. Fiz a minha casa com um telhado de vidro, que se vai partir quando tu chegares, vai-me cortar o corpo e perfurar-me a alma e vai cortar o fio que me prende a ti. Aí morro. De uma forma tão estúpida quanto a minha felicidade - morro.
E vou à procura de um outro lugar - porque para nos irmos embora, temos de ter para onde voltar.
Pensas em mim quando pousas a cabeça?
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