Vamos começar, já que é tão fácil. É só fazeres o que eu quero. É só te despires e fazeres o que eu faço, que é o que eu quero que tu faças, para fazermos os dois a mesma coisa, juntos. Não, espera. Isto não é para os apaixonados. Faz só o que eu quero e pronto.
Já diz o wikipédia: "(...) a palavra "amor" pode ser entendida também como "sexo", quando usada em expressões como "fazer amor" (...)", será porque o sexo é a base de um amor saudável?
Correcto.
O amor é um sentimento que gera sentimentos. É, portanto, um buraco negro de sensações diversificadas, que nunca mais acabam. Mas, verdade seja dita: comum a todas as formas de amar de todas as pessoas à face da Terra, está a... dependência.
É um buraco negro criado por uma pessoa, que vai (tentar) absorver tudo o que a pessoa de quem essa pessoa depende, (não) lhe pode dar.
Tal como alguém depende de alguém para amar, não sendo necessariamente precisa uma reciprocidade de buracos negros - só precisamos de alguém, lá, que possamos amar a vida inteira, porque se não formos amados de volta, podemos sempre amar sozinhos a vida inteira, mas dependemos da existência da pessoa amada, lá, nem que não seja: lá connosco - o amor também precisa do sexo para sobreviver.
As traições, as omissões, as confusões: as mentiras que se geram em torno do sexo fazer girar o amor, sim, porque o amor não gira à volta das pessoas, o amor é um buraco negro dentro do qual estão as pessoas, a girar, a girar, a girar. E quem move esse buraco negro ao qual dão o nome de amor? É o sexo. O sexo faz o amor girar, faz o amor durar, faz o amor não parar de girar, e se o amor gira, as pessoas muito mais, e é assim... a vida inteira.
Porque é que grande parte das relações acaba com traições, assumidas ou descobertas?
Porque trair é a melhor forma de dizer: o amor acabou porque o sexo também.
Se repararem: mulheres feias são trocadas por mulheres bonitas, mulheres bonitas são trocadas por mulheres mais bonitas - qualquer caso de uma mulher bonita ter sido trocada por uma mulher feia é porque a última deve fazer uma óptima cama. Homens feios são trocados por homens bonitos, homens bonitos são trocados por homens mais bonitos - qualquer caso de um homem bonito ter sido trocado por um homem feio é porque o último deve ser rico.
É o sexo, também pode ser o dinheiro, mas é o sexo.
O corpo é o maior afrodisíaco que pode existir, o corpo é o afrodisíaco do amor. A beleza interior? Por isso é que a Disney criou os contos de fadas, porque na realidade não é algo que as pessoas dêem grande importância. Mas se pensarem bem, os contos de fadas mais conhecidos e aplaudidos pelas crianças (tão novas e já a pôr o inconsciente a trabalhar) são todos aqueles em que as princesas são tão bonitas que até dói, e tão magras que até dá fome. Os príncipes são altos e bonitos de arrancar os olhos (não, não vou referir o cavalo branco no qual todos aparecem montados, porque não consigo imaginar de onde essa ideia terá surgido).
Reparem só na sexualidade à qual o inconsciente das crianças é exposto, sob a ideia de um conto de fadas no qual o interior é a beleza que comanda a vida. Desculpem, mas porque é que as princesas têm, quase todas, de ser acordadas com um beijo. E porque é que os casais se apaixonam, quase sempre, quando mal se falaram. E, claro, alguém faz a mínima ideia do porquê da Branca de Neve decidir morar numa casa com sete anões? Sete homens, quero eu dizer. Repararam? A Disney, também, é só indirectas.
O corpo é quase sempre a primeira impressão que temos de alguém. Sexualmente falando, o flirt inicial, que todas as pessoas pensam que provém do amor à primeira vista, provém duma coisa muito menos complicada e realista: o desejo. Sexual, óbvio. O desejo é o acto sexual psicológico. O amor, ainda, não existe aí. A atracção, sim.
A afinidade, a intimidade, a curiosidade, o dejá-vu, toda aquela sensação que se cria em torno do simples acto de olhar para uma pessoa e pensar que já é amor à primeira vista, é a atracção, o desejo - a primeira impressão do corpo.
O corpo que, com todos os seus cheiros, o perfume que sai de todos os poros da pele, cria uma determinada imagem duma pessoa. O corpo que com todas as suas características cria um amor e mantém um amor. Há que cuidar do corpo, porque ser saudável, leva a pensar saudável e a sentir saudável. E um amor com sexo saudável, proveniente da conexão de duas pessoas que sentem saudável, dará origem a um amor saudável.
Sim, o amor é uma doença, e não, a sua cura não é o sexo. O sexo é tudo no amor, menos a cura. A cura é deixarmos de depender de alguém para amar. Se o amor é o acto de amar, isso chega. Para duas (ou mais) pessoas se amarem, não precisam de depender uma da outra.
Podem amar-se a vida inteira, sem sequer viverem uma com a outra.
Podem amar-se a vida inteira, sem sequer se tocarem. Sim, porque eu não proferi o sexo como só movendo o amor a partir do toque. O amor à primeira vista, vá lá pessoas: a atracção, não precisa de toque sequer. E, lá está, é para isso que existe o Hi5 (etc).
Na sociedade em que vivemos - na adolescência, na maioridade - no mundo em que vivemos, até já a amizade precisa de sexo. Porque a amizade é uma forma de amor e porque os amigos são a Sexta-feira à noite no Bairro Alto do Sábado dos namorados.
É quando fazemos sexo (com ou sem amor - porque o sexo não precisa do amor para nada), que nos sentimos independentes. Ou seja, não dependentes. E é por isso mesmo que o sexo complementa o amor e ajuda-o a ser, crescer, e viver - da mesma forma que o pode ajudar a morrer, mas, mais uma vez, quem mata o amor são as pessoas, não o sexo.
O amor prende-nos por antecipação, por isso é que, ou o procuramos desesperadamente, porque precisamos com urgência de nos sentir agarrados a alguém - chama-se a isso carência e/ou falta de amor próprio - ou fugimos dele porque não queremos morrer e/ou matar ninguém, ainda.
E, então, é no sexo que somos independentes. Que nos transformamos, que dizemos coisas que durante o amor, nunca seriam ditas. Por isso é que precisamos do sexo, para dizermos essas coisas, para fazermos essas coisas. Para não sufocarmos com o egoísmo do amor para com nós mesmos. Para nos libertarmos do romance cliché do amor, e sermos tudo o que não somos com os outros, só dentro dos outros, literal-ou não-mente.
A traição surge, então, quando não conseguimos dar tudo de nós aos outros, ou quando os outros não nos fazem (querer) dar tudo de nós a eles. E se não conseguimos mostrar tudo o que somos a quem amamos. E se não conseguimos fazer com que quem amamos se mostre, em todo, a nós. Ou matamos primeiro, ou morremos. Por isso, mata-se o amor. Porque não queremos depender do coração de ninguém, mas não nos importamos de depender do corpo de alguém. Quando dependemos do coração e do corpo, o corpo faz-nos sentir que não precisamos assim tanto do coração, e senti-mo-nos bem, senti-mo-nos, ainda, donos de nós próprios. Mas quando só se depende do coração, o medo é maior, o medo é a razão: traição.
Não há amor sem sexo, mas, há sexo sem amor. Como dizem os americanos: Deal with it. - aprendam a viver com isso.
Isto tudo não é uma visão machista do amor - nem machista, nem feminista - apenas realista.
Porque, ao contrário do estereótipo, da mesma forma que as mulheres amam, os homens também amam. Da mesma forma que as mulheres fazem sexo, os homens também fazem sexo. Nenhum o sente, ou o faz de forma diferente. A única coisa que muda, é que as mulheres conseguem ter mais orgasmos, em 24 horas, do que os homens.
Amor vs. sexo? Não.
Amor com sexo? Sim.
Sexo sem amor? Sim.
1 comentário:
este tema é daqueles q... achava q sabia algo e, no final sei pouco...
gostei (:
Enviar um comentário