Porque é que as pessoas têm tão pouco em conta o que fazemos por elas?
Porque é que nos tomam como presenças garantidas na sua vida? Afinal, nenhum de nós assina um contrato vitalício quando entramos no mundo de outra pessoa. Somos convidados a fazer parte dele e dentro dele nos mantemos, mas penso que ainda nos reservamos ao direito de ter voto nessa matéria indefinível que é a amizade.
Sempre fui a favor da ideia de que as pessoas deviam vir com livros de instruções, divididos por capítulos - cada capítulo definindo como a pessoa se comporta dependendo da relação que mantém com outra pessoa. Seria muito mais fácil perceber-te, assim. Eu, pobre alma que brinca às escondidas contigo no escuro, entenderia o que queres de mim e o que posso esperar de ti. Mas, afinal, mesmo com um conjunto de folhas contendo palavras descritivas de ti na minha mão eu ficaria sempre à espera que me desses mais do que aquilo que saberia poder esperar de ti. É assim que funcionamos, seres complexamente humanos. Esperamos sempre mais dos outros. As nossas expectativas nunca são satisfeitas ou sequer minimamente correspondidas porque, mesmo sabendo com quem é que estamos a lidar o nosso coração quer sempre mais e melhor. Procuramos constantemente qualidade de amor. E eu já não sei o que mais procurar em ti, pois ultimamente tenho encontrado tão pouco ou nada que me perdi. Perdi-me nessa tua imensidão de criança grande. E continuamos as duas a jogar ao toca e foge, ao esconde-esconde.
A ignorância é uma virtude. Será? Adicionei esta qualidade ao que quer que tenhamos como relação. Ao que quer que seja isto ao qual o que quer que tenhamos chegou. Quando quiseres pensar além do óbvio, do ideal, do que vês na superfície da mesa de café, vem ter comigo e falamos. Afinal, eu já não estou à espera de nada. Afinal, isto é só um à parte ao que sinto por ti.
20110307
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