O meu coração era um peso morto, ancorado a um vazio, servia apenas para fazer o sangue correr-me nas veias e nada mais, cumpria a sua tarefa 24 sobre 24 horas de forma exemplar, mantinha-me viva, a respirar e eu agradecia.
De repente no meu coração cresceram dois braços e duas pernas e uma boca para ele falar. Nunca soube o tanto que tinha cá dentro para dizer, melhor, nunca tive a quem dizer o tanto que tinha cá dentro para dizer e eu nunca gostei de falar com as paredes porque elas só sabem ouvir. E de repente descobri que também fui feita para amar e que as paredes também servem para nelas batermos com a cabeça quando amamos, isto porque insistimos em anular uma dor com outra dor quando sabemos perfeitamente que não há dor maior que a dor do coração porque depois de vivo sofre por ele próprio e se nos magoarmos por fora irá simplesmente doer mais.
E um coração com vida própria é o que nos resta quando nos ancoramos a alguém a vida inteira.
20100908
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