Telhado de vidro, portas de vento, janelas que espelham as nuvens lá fora, uma casa feita de tudo o que é eterno, contudo não é seguro, e o relógio na parede marca a hora de ir embora e partir para ficar, fugir para voltar, e já foram tantas as vezes em que te despediste de mim e eu esperei, afastando a cortina e espreitando para o outro lado do mundo, tentando reconhecer-te entre a multidão, entre as cabeças que fazem girar o chão, procurando com os olhos as pernas no teu coração, tu com as mãos atiradas à cabeça a gritar o meu nome, a pedir ao mundo para te deixar sair cá para dentro, tu - fumo do meu cigarro, pedaço da minha boca quando te beijo, tu que vives neste meu mundo, nesta minha casa de papel com chão escorregadio, tu que dás um sentido à mobília, ao telefone quando toca, à campainha quando tocas à porta, ao meu coração quando bate.
Amar-te faz sempre sentido, faz sentido em todo o lado.
20091118
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1 comentário:
Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.
Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:
O nosso amor é sangue. É seiva. E sol. E Primavera.
Amor intenso. Amor imenso. Amor instante.
O nosso amor é uma arma. E uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.
O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa.
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.
Deixa-me soltar estas palavras amarradas
para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade.
Joaquim Pessoa, Amor Combate
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