Este blogue é dedicado a todos aqueles que estão apaixonados.





20100429

Apontamento #65

Tu, perfeição adaptada ao meu ser.

Amas-me e nem pedes desculpa. Causas-me dor e nem te arrependes.
Arrependo-me eu por não te ter procurado antes - na ociosidade da pior fase da minha vida.
Desculpa ter-te encontrado tão tarde.

20100428

Publicidade inteligente #5

Um dia, o mais provável é tornares-te num chato, deixares de sair à noite e começares a levar-te demasiado a sério. Nesse dia, vais começar a vestir cinzento e beje, pedir para baixar o volume da música e deixar a tua guitarra a apanhar pó. Vais tornar-te politicamente correcto, socialmente evoluído, economicamente consciente.
Vais achar que tens de ir para onde toda a gente vai e assumir que tens de usar fato e gravata todos os dias. Nesse dia, vais deixar de beijar em público, as tuas viagens serão mais vezes no sofá e dormirás menos ao relento. É oficial. Vais entrar na idade do chinelo e deixar de ser quem foste até então. Vais deixar de te sentar ao colo dos amigos, e vais esquecer-te de como de faz um quantos-queres ou um barco de papel. Vais ficar nervosinho se não trocares de carro de quatro em quatro anos e desatinar se o hotel onde estiveres não te der toalhas para o teu macio e hidratado rosto.

Vais tornar-te muito crescido e começar a preocupar-te com tudo e com nada e a não fazer nada porque "vai-se andando" e a vida é mesmo assim. Vais dizer não mais vezes, vais ter mais medo, vais achar que não podes, que não deves, que tens vergonha. Vais ser mais triste.
Nesse dia, o mais provável é que também deixes de beber refrigerantes.

Aqui fica uma ideia: quando esse dia chegar, não lhe fales.



Sumol

20100425

Apontamento #64

As minhas mãos nos teus bolsos porque o frio vem de fora. A minha cabeça no teu peito porque é onde o teu coração mora. Peço-te um abraço, o teu corpo à minha volta. Nas tuas costas vejo Lisboa, a ponte e as colinas. Quero correr todas as ruas e subir todas as encostas de mãos dadas contigo, com o teu coração às costas. Quero ser a tua paragem e o teu ponto de partida. Quero viver contra o mundo, quero ganhar esta corrida.

20100414

Apontamento #63

(Derek and Mark have decorated Meredith and Derek's bedroom with thousands of roses)


Derek: This is stupid. She's gonna hate this.
Mark: What? Flowers? Girls love this crap.
Derek: It's cliche. I'm a cliche!
Mark: Cliches became cliches for a reason. Because they worked.


Grey's Anatomy

Namorados.

São oito ou oitenta. Enchem-nos de rosas vermelhas e caixas de chocolates no primeiro mês, porque somos especiais e só lhes fazemos bem. No segundo mês as esperas à porta da nossa casa diminuem e o telemóvel já não toca 24 horas por dia. No terceiro mês há a primeira grande discussão e o mel fica fora de prazo. A partir daqui os namorados já não são namorados, são homens. A desconfiança entra na relação de mão dada com o ciúme e as nossas amigas já estão fartas dos nossos dramas. O amor verdadeiro tem início nesta fase má de todas as relações: onde moram a espera, a paciência e o altruísmo.
Só existem duas opções para quando o mel fica fora de prazo: ou guardamos ou deitamos fora.

Eu já guardei muito mel estragado, guardei o mel apesar de tudo.
Os namorados são assim e amor sem mel estragado não é amor.

20100413

Apontamento #62

" Dá-me espaço para eu existir. Não me abafes nesse teu mundo enorme. "

20100410

O amor é um lugar-comum. O verdadeiro amor é um lugar estranho.

As pessoas identificam-se com lugares-comuns. O amor está cheio de lugares-comuns, de coisas que fazem sentido, que se repetem, que originam grupos no facebook.
Mas o verdadeiro amor mora na diferença, no "mas" de todas as relações.
Não é por ambos dormirmos numa cama que a nossa relação vai resultar. Vai resultar, com certeza, se eu dormir com os pés na almofada.

20100401

Apontamento #61

Hoje acordei sem coração.
Procurei na minha cama, entre os lençóis e os fios de cabelo que deixaste na almofada.
Procurei no armário, entre as minhas roupas e os cabides vazios de camisolas que te emprestei.
Procurei no frigorífico, entre os chocolates e os pacotes de leite que comprei para beberes ao pequeno-almoço.
Procurei na sala, entre os maços de tabaco e os isqueiros que me emprestas sempre que levo um cigarro à boca.
Procurei na casa de banho, entre as toalhas - uma delas ainda tem o teu cheiro.


Depois tu bateste à porta e eu encontrei o meu coração.
Tenho acordado todos os dias sem ele e só agora dei por falta.
Mas tens razão, está muito melhor guardado contigo.